Eu e a minha mulher estamos casados há quase 4 anos e, recentemente, a nossa vida sexual tem vindo a estagnar um bocadinho. Disse-me que precisava de algumas novidades. Eu, como bom marido, meti-me a pesquisar.
Tentei de tudo. Andei aí a fazer pilates e kegels como se tivesse acabado de ter trigémeos, procurei lubrificantes novos, brinquedos e técnicas todas xpto. Neste momento era capaz de escrever uma tese de doutoramento sobre o que um dedo no cu faz a uma pessoa.
Ora, após semanas de pesquisa, descobri uma coisa maravilhosa: o Lelo Enigma Double Sonic. Apesar do nome que soa a cigano misterioso, vou explorar o site e meu deus.
Quero fazer aqui um apelo à população masculina: nós temos que ser melhores. Eu ouço outros homens a falar sobre preliminares, sexo oral de uma forma muito amadora e digo-vos que, comparado com isto, nós não temos hipótese. A competição apertou e o nosso game não é nada para elas. "Ah e tal mas eu sou bom na cama" - não és. A tua gaita não manda ondas ultrassónicas. Não tens 2 horas de durabilidade em modo peak. Tu não sabes o que é o A-spot, e por trás de um vibrador destes há anos e anos de estudo científico - tu nunca leste uma tese de doutoramento sobre orgasmos.
Um gajo aprende isto e dá uma nova visão da vida. Se são gajos e estão de micropénis então comprem uma cena destas e finjam que são lésbicas. A vossa mulher vai agradecer.
Não vou mentir: a minha auto-estima ficou abalada. Nós lá começamos a usar brinquedos novos e às vezes era como se eu não existisse. Mas ela estava contente e para mim era-me igual, já estava satisfeito e já. Uns meses de experimentar coisas novas e estamos o melhor que já estivemos em todos os níveis da relação. Eu já ultrapassei o facto da minha gaita ser um Dacia e ela ter um Lamborghini, o que é interessa é que o piloto seja o mesmo.
Aniversário de casamento.
Antes de começar a contar esta parte da história, quero falar sobre o amor - porque um homem a sério faz de tudo para que a sua mulher esteja feliz. De TUDO. Não compras aquele jipe que queres. Começas a ir ao domingo àqueles baloiços panorâmicos meios parolos para ela tirar uma foto para o Insta. E quando a tua mulher te dá uma prenda, tu aceitas com o maior gosto apesar de ela nunca te ouvir assim tão bem como acha e comprar coisas meias estranhas.
E ela tem uma prenda para mim. Abro aquilo. Vejo uma cena em silicone com um formato todo marado que diz "iniciante".
Fico branco.
"Vais gostar" diz-me ela, enquanto explica que é para meter em orifícios nunca antes explorados.
"Que engraçado babe" e enquanto isso estou a sentir níveis de ansiedade capazes de disparar alarmes de guerra. Estou a olhar freneticamente de um lado para o outro à procura de possíveis escapatórias do quarto de hotel.
Vamos com calma. Procuramos na net uns vídeos de como usar aquilo. Eu tenho a certeza que não vai caber e ela só me diz "vai vai". Oh caralho, eu não sei se consigo pegar de empurrão. O pessoal nos fóruns está a dizer que foi espectacular. Eu começo a pensar em cenas estranhas. E se me faz danos permanentes? E se isto me faz um condicionamento pavloviano e eu nunca mais chego lá a menos que tenha algo no cu?
Decido seguir em frente. Já saltei de penhascos e exigiu menos coragem.
Acabamos a nossa aventura.
Eu vou para os fóruns dizer que foi espectacular. Se preciso de explorar novas cavernas para chegar lá, que seja. Eu aceito. Sou um homem novo.
Passam-se meses de ótimas relações sexuais. Definimos um orçamento para brincadeiras e aquilo torna-se quase um hobby nosso. Estamos a ficar um bocadinho mais kinky a cada dia que passa. Exploramos coisas novas, cenários, brinquedos, sítios, tudo.
Num dos dias mais atrevidos que já tivemos reservamos um quarto num hotel de swingers. Nós ainda estamos numa de experimentar coisas. Pensamos porque não? Temos mente aberta e não somos ciumentos, vamos lá. Não deve ser assim tão mau. Erro crasso.
Chegamos ao hotel e aquilo claramente não é nenhuma pousada da juventude - só existem casais de homens gays. Uma parte do hotel, para a qual a vista do nosso quarto está direcionada, é a piscina para nudistas. Há pessoas a fazer sexo oral no corredor, pessoal a comer-se nas varandas e pronto, o expectável para um hotel para swingers. De resto, era um espaço normal, confortável e com boa comida - quem gosta de pinar na liga profissional também merece tratar-se bem.
Um detalhe importante sobre o hotel é que se estiverem num grupo grande podem encerrar uma parte do hotel para fazerem o que vos apetecer.
Passamos a noite inteira a ouvir um grupo de 15-20 homens a bater palmas uns aos outros. Ouvimos grunhidos que nunca ouvimos antes. A certo ponto, por curiosidade, estamos à janela a ver a situação toda a desenvolver-se. Era impossível parar de olhar. Tiro fotografias mentais. Estudo as posições e a arte que ali estava a ser feita. Quase registei as cenas por escrito. Éramos apenas dois vultos, sem falar e demasiado hipnotizados para parar de olhar.
No dia seguinte vamos tomar o pequeno-almoço. Não estamos a falar muito porque ainda estamos a processar o que vimos. Um casal que estava sentado ao nosso lado começa a conversar connosco. Depois de uma pequena pausa a meio da conversa um deles diz, com um tom maroto: "o grupo é muito aberto, se se quiserem juntar"
Eu não sei como reagir. Que o grupo é muito aberto sei eu amigo. Eu nunca tinha visto tanto pêlo branco e suor de homens velhos num único sítio. Participar naquilo não seria muito diferente de tentar comer um urso polar. Consigo entrar na vibe de grupo quando estou na festa da aldeia e temos que fazer o passinho da danza kuduro, mas agora entrar numa orgia homossexual? Não dá.
“Quando quiserem juntar-se… o pai está cá.” e eu mais pálido do que um vampiro gay no armário.
Digo muito obrigado pela oferta mas temos coisas a fazer. Ficamos o dia inteiro no hotel a olhar para o teto. Fizemos check-out mais cedo e voltamos para casa.
Quando chegamos... nada. Eu não consigo parar de pensar naquele grupo de homens a foder. Estou traumatizado e ela também. Ela diz que foi mesmo estranho e que não o devíamos ter feito. Eu concordo. Temos andado só a dormir em conchinha e a dar uns abraços. O que interessa é o amor a partir de agora.
Há uns dias, recebemos uns brinquedos que tínhamos encomendado uns dias antes - uma cena para meter no cu, nível avançado. Nós ficamos a olhar para aquilo como uma influencer analfabeta a ler um livro: sem reação, sem perceber o porquê e a pensar que deveríamos ter feito algo quanto a isto mais cedo. Considerei enterrar aquilo no jardim, mas tenho medo que volte tipo a Annabelle ou uma coisa do género.
Fui demasiado longe. E agora paguei as consequências.
Temos aqui cronista! Excelente!! Digno de stand-up isto. Era tudo a mijar-se a rir
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